quinta-feira, 15 de outubro de 2009

SÃO PAULO - Xuxa tranca-se num carro da produção com o repórter do Estado. É domingo, dia 13, último dia das filmagens de Xuxa em O Mistério da Feiurinha. O set está instalado no Parque Guinle, no Rio, mais exatamente no Palácio do Governo. É o cenário ideal para o castelo das princesas do novo filme da rainha dos baixinhos. O set está uma loucura de movimentação. “Vamos ficar aqui dentro que ninguém nos interrompe”, diz Xuxa. É o seu 19º filme e marca novidades importantes. Pela primeira vez, Xuxa trabalha numa adaptação literária e o autor é ninguém menos do que Pedro Bandeira, fenômeno editorial infanto-juvenil do País. Bandeira já vendeu mais de 23 milhões de livros, um feito digno de Harry Potter, tendo a seu crédito obras cultuadas como A Droga da Obediência. Não apenas a origem é boa – a história da Feiurinha é ótima, como sabem seus leitores -, mas Xuxa, desta vez, não é protagonista da própria história. Ela faz Cinderela. A Feiurinha do título, estreando no cinema, é sua filha Sasha. Foi a filha, aliás, quem apresentou Pedro Bandeira à mãe.

Você não facilita a vida de quem não gosta de você, mas me dá agora a entrevista que negou à imprensa em Gramado, em agosto. Por quê?

É diferente. Estamos aqui conversando e não creio que isso teria sido possível lá. Em Gramado, havia uma animosidade forte no ar. Muita gente era contra que eu fosse homenageada. Chegaram a dizer que eu havia cobrado. Minha mãe, que você conheceu há pouco (NR – ela visitava o set neste dia), é essa pessoinha maravilhosa que me deu uma educação responsável. Mas ela também me dizia, quando eu ia para a escola – “não provoque ninguém, não entre em briga, mas se alguém quiser brigar não fuja, senão você vai ter de se ver comigo em casa”. Fui educada assim. Se me provocassem na eu reagiria

Mas ninguém ia lhe perguntar mais do que vou fazer agora. Por exemplo, você recebe um prêmio legítimo de público, mas se obstina em manter proibido o filme que fez com um dos maiores autores do cinema brasileiro, ‘Amor, Estranho Amor,’ de Walter Hugo Khouri, por causa de suas cenas de sexo. Nenhum crítico pode mesmo apoiar isso.

Mas eu não quero proibir Amor, Estranho Amor nem banir o filme da minha carreira. Também não renego que posei para a Playboy. O que há é que o filme de Khouri foi feito antes que eu começasse a trabalhar com crianças. Era um papel minúsculo, que os produtores, astutamente, resolveram explorar de forma que considero inadequada. Fizeram aquele cartaz e criaram slogan – ‘Veja o que Xuxa faz com seu baixinho’. Sou contra exploração grosseira. Quer transformar numa safadeza, quer mostrar? Vai ter de pagar. Não dou mole. Ponho advogado em cima.

Mas está na internet. Havia gente mostrando a cena no palácio do festival de Gramado, enquanto você recebia o prêmio…

Não posso impedir, escapa ao controle, mas se quiser mostrar legalmente, sem minha aprovação, terá problemas.

Por que escolheu livro de Pedro Bandeira para seu novo filme?

Há pelo menos três anos e meio que essa história me acompanha. Sasha recebeu Feiurinha para ler na sexta série. Era atividade escolar e ela podia ler um certo número de páginas por dia. Achei o livro maneiro e estava louca para saber o que levara Feurinha a desaparecer, mas a Sasha não me deixava avançar na leitura. Desde que li tudo me apaixonei. É releitura inteligente dos contos de fadas, o nosso Shrek. Passam-se 25 anos, as princesas dos contos de fadas estão todas grávidas. Sempre achei que daria um belo filme.

E já o planejava para Sasha?

Nãããooooo. O filme demorou todo este tempo porque houve uma negociação difícil para ver quem interpretaria as princesas e também como seria possível usar imagens que, às vezes, já são registradas. Quando li o livro, imediatamente pensei na Gisele Bündchen. Quando disse isso para o Pedro (Bandeira), ele respondeu que não. A situação era a seguinte – eu falava para ele e a Sasha estava brincando ali do lado. O Pedro me olhou e disse – sabe o que é, Xuxa, eu imaginava a Feiurinha mais como a Sasha. Eu disse não! Mas a própria Sasha já vinha insistindo para fazer um filme. No anterior, todas as suas amiguinhas haviam feito teste e ela dizia que era injusto não poder fazer só porque era minha filha. Finalmente, aceitei que fizesse, mas procurei me cercar de garantias.

Como por exemplo…

Pedi a Tizuka que se assegurasse de que minha filha não seria ridicularizada. Tizuka arranjou preparadora para Sasha, que aparece pouco, mas o papel é muito importante. Cinco princesas – Branca de Neve, Bela Adormecida, Rapunzel, Chapeuzinho Vermelho e eu, que faço a Cinderela – saem dos contos de fadas para o mundo real, em busca do Autor, que vai ajudar na investigação sobre o desaparecimento da Feiurinha. Estou muito ansiosa, admito. Como empresária, acho que pode ser maneiro, para o público, reunir mãe, filha e pai, porque o Luciano (Szafir) também faz o príncipe encantado. Tenho medo de que tentem me atingir usando a Sasha, mas não podia privá-la dessa experiência. Na verdade, não sei se Sasha vai querer continuar no cinema. Uma filmagem exige repetição, meticulosidade e a Sasha não tem paciência. Acho que ela fez bem o papel, mas também estou segura, como mãe, de que poderia fazer melhor.

Você vive dizendo que não é atriz, mas desta vez até você cria uma personagem, Cinderela. Como se preparou?

Vou muito a Miami, onde mora minha mãe. Sempre me impressionou o comportamento das garotas que personificam as personagens de contos de fadas. Procurei reproduzir aquele sorriso, aqueles gestos, mas nas cenas em que Cinderela briga com o marido, que só quer saber de futebol e ficou barrigudo, era eu mesma brigando com o Luciano (Szafir).

FONTE: Xuxa




Nenhum comentário:

Postar um comentário